terça-feira, 19 de outubro de 2010

     
       O que fiz de errado? Não sei! Talvez, seja eu, um equívoco do destino cansado de inventar formas de trapacear a normalidade social. Mas por que eu? Acho que nem Deus sabe!!! O foda é que fico no meio do fogo cruzado, esperando que alguém cansado também de se enfrentar, sente-se ao meu lado e escute minhas lorotas exócrinas de mal estar...
       Ôh mundo cruel, porque não me dizes a que passeio vim??? Porra, porque me castigas dividindo de mim um pouquinho a cada gota compartilhada. Poxa, tenho direito às minhas gotas, de morrer exausta com minhas gotas. Por que tenho eu de perdê-las?, já que não tenho o dom de fazê-las brotar, multiplicar.
       Chamam-me viúva dos negros e áureos espaços. Então respondo que não. Apenas abandono a caça já exposta à mesa. Mas antes cuido para que sua artéria jorre bastante antes de... abandoná-la às traças, aos decompositores de tua maviosa música. Assim, posso até ser viúva porque no fim todos morrem e alguém sempre sai vivo dessa morte delirante.
        Portanto, posso ser a agonizante viúva ou a lancinante angústia do próximo encontro. Mas, por enquanto, sou a viúva dos seus medos púberes, sou a pederasta de sua infância, que já não sei mais em que loca me guarde. Sou a aranha a te possuir sem que para isso possa em teu lugar sustentar o insustentável peso de teu viver.

Ass.: A viúva negra, sua noiva!

Shannya Lacerda
Natal, 19/10 de 2010.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010


















Parabéns a você, que é professor
e recebeu de Deus essa missão
de nos dar o saber, numa lição,
no beabá do carinho e do amor;
na cartilha que teve o seu valor,
a tabuada, ninguém vai esquecer,
quem não lembra da carta de ABC!
O primeiro vestibular da vida...
Para esta classe mal paga e esquecida,
este poema Professor, é pra você!...

(Ademar Macedo/RN)







Tudo que se vai deixa marcas.
Quem diria: professor deixa também!
até aqueles que ninguém entende,
que ninguém quer nem um pinguinho bem!
É como se o velho mestre até na ruindade
deixasse um quê de saudades
e bem lá, mais bem lá no fundo,
um desejo de querer bem.
Incultando em todos mundo o B-A-B-Á,
junto à cartilha tosca do mundo ABC...
Quem diria, ficou marcas para todo mundo,
pois todo mundo teve vários mundos
- mundos complexos, chatos, amargos, brincalhões!
Todo mundo tem dentro de si a marca.
A marca da aprendizagem, do ingresso ao acesso
mundo letrado.

Seja você quem for, você também já teve
um inesquecível e aborrecível professor.
A marca veio e com certeza dela alguma coisa restou!

Nem que seja a lembrança a um querido e velho professor.
Parabéns meu mestre, meu doutor!!!

Shannya Lacerda
15/10 de 2010

Falácia e desculpa


Faz tempo
Não escrevo
Faz tempo
Não me mexo
Faz tempo
Que desisto
Faz tempo
Não insisto
Faz tempo
Esqueci que existo
Faz tempo
Não sei mais o que digo
Talvez haja tempo
Tempo para fazer o que não digo
Tempo para desfazer o que digo
Tempo para fazer o que não digo
Tempo para fazer o que sonho a sós comigo
Tempo para expor aquilo que deixei a um abrigo
O abrigo dos meus pensamentos,
evitando dos outros o olhar do piedoso para com o mendigo,
que se esconde do nada evitando sempre o desconhecido.
Assim me faço sem tempo
Assim digo que respiro mesmo sem respirar,
Vivendo o viver amedrontado, frágil, esquartejado
e levemente acinzentado em meu calejo de pensar.

Shannya Lacerda
15/10 de 2010