sábado, 27 de agosto de 2011


Quem dera fosse organizada como ele, pondo datas em coisas tão efêmeras. Mas pondo em ritmo o seguir da vida. Quem dera meus apontamentos fossem como esses: simples e organizado, treinando em caligrafia o dia a dia. Quem dera fosse singelo, mas dissessse-me tudo tudo o que meu dia sugere, o que meus dias sugerem e o que me importa?! Aquem possa importar? A quem mostrar minha caligrafia crua, desengonçada, estéril em sua rudeza atarentada? Não importa, o importante é seguir anotando o que a mim me servirá; o que a mim bastará escrever e quiçá, alguém lembrará como flores na passagem do campo - bela passagem.


 Shannya Lacerda

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O hoje me deu


Me puseram as amarras,
as grades, os grilhões
Me tiraram sorrisos
Me puseram nas mãos
choro, mármore e frio.

Me puseram a malícia
Me tiraram a inocência
Me deram espelhos
– me olhei e nada vi –
Me deram tudo isso
e pouco de nada vivi
– me encho de outros
pouco a pouco, lentidão e passos,
me esvaziando sempre e mais de mim –

Me puseram espelhos
forcas, brilhos e florais
Me puseram em fôrma
pronto pra sair não voltando aqui
Me puseram em choro, mármore
– passaporte da cinza, descanso do frio.


                                  por Shannya Lacerda
                                         Natal, 18/08 de 2011.