segunda-feira, 29 de novembro de 2010
TIL – Contornos do prazer no interesse do amar
Manhã de carícias
Acordo
Teu corpo roça-se contra o meu
O fragor de teu corpo
me impele a tocar-lhe no pêlo
Toco
Mas ao tocar não paro por aí
Faço movimentos suaves
alternando-os aos vigorosos
Minha mão ora apalpa
ora esfrega
Projeto minha mão, meus dedos
ágeis abaixo de tua boca
E num olhar lânguido seu
já sei o que queres...
Teu ventre já a me esperar
torna-se um convite
Um convite à renovação do amar
Me entrego
mais abaixo mais acima
é um dedilhar retribuído com sons
sons de prazer, de quem se entrega
Mas ao fazer-te feliz
deixo-me morgadia porque sei
que após a fantasia realizada
me deixarás e encontrarás
em outras mãos os sussurros
da alegria
E chegado ao ápice gozoso do prazer
você me olha com uns olhos de felicidade
e me deixa
empinando o rabo
abandonando-me na cama
pois fareja a próxima caça
E assim mias e vai para voltar
na próxima vontade!
por Shannya Lacerda
Natal, 29/11 de 2010.
domingo, 28 de novembro de 2010
Livro mudo
Viagens, janelas,
esteios do mundo.
Vivo aqui de invenção em invenção,
folheando a solicitude,
o discurso político- mudo
do mundo.
Vivo aqui nas searas,
discutindo as camélias,
os latinos ingleses;
vivo a admoestar
soluções, finais. Mas mudo,
me calo pro mundo.
Vivo de ideias e mais ideias;
ventos sopram nas saias
amarelecidas, farfalhando
a história e o vinho lúdico
– afogueado dos bordeis do imaginar –
vagabundo inútil pro mundo.
Vivo a cheirar tinteiros envelhecidos.
Ares de pó na gaveta de minha vida.
Na qual a letargia de todo já levou a alegria,
deixando o pó imundo, mas mudo
de frenesias, carapaças do mundo.
Vivo compassos e descompassos
a arfar, no espartilho apertado
da moça esquálida, que projeta o olhar
sobre o mudo som das músicas ao ar.
Festança dos verbos, apregoada
nas folhas sujas
do mudo livro do mundo.
por Shannya Lacerda
Natal, 28/ 11 de 2010.
CHARQUE
Amor duríssimo
desventuras,
ataduras,
salpicos
de ternura.
Mas não há
quem possa negar,
pois que na pressão certa
suas fibras podem
amolecer,
esmorecer,
se afastar,
desfibrilando a forma,
amolecendo o hábito,
ficando mais sensível,
o insensível amar.
Contudo não perde
a regalia de poder meter
gosto ao castigadíssimo
paladar: sofredor desse
rústico e velho amar!
por Shannya Lacerda
Natal, 19/11 de 2010.
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