sexta-feira, 7 de maio de 2010

DOIS OU NENHUM

Por Shannya Lúcia de Lacerda Filgueira

Dois ou nenhum: essas são as únicas alternativas que se impõem às crianças órfãs quando não encontram pais heterossexuais que as queiram.
A adoção por casais homoafetivos torna-se, então, uma opção mais convidativa que passar a vida toda à margem da estrutura social primeira e, também, a mais simples delas, a família.
Bate-se muito na “tecla” de que esta adoção é inviável por vários motivos, mas nenhum é tão forte quanto o argumento de que a criança nesse tipo de adoção enfrenta vários problemas relacionados ao preconceito ainda instalado no seio da sociedade. Isso traz ao menor de idade comprometimentos em sua formação psicológica, social e, algumas vezes, corporal - quando casos de bullying (comumente entendida como uma violência psicológica que ocorre entre adolescentes sendo essa praticada de forma repetida e tirânica) chegam a extremos.
Entretanto, é bom ver a adoção como algo benéfico que dá ao menor aquilo que lhe foi tirado, negado, anteriormente. Creio, portanto, que a afirmação feita por alguns membros de nossa sociedade de que pais homossexuais, não constituintes de um estereótipo familiar convencional, sejam incapazes de amar e de cuidar de uma criança configura-se muito mais como uma justificativa ao preconceito ou ao tabu há muito instaurado; não da e para a criança, mas para com seus, possíveis, pais que ainda não estão de todo livres do preconceito acerca de sua opção sexual e de seus modos de vida.
Contudo, é bom lembrar que é bom ter um lar acolhedor, uma cama quentinha e mamães e papais afetuosos que estão prontos a dar carinho, atenção, respeito e, principalmente, amor. Só por que eles vêm em “dose dupla” em um único sexo que não os diminui, muito menos reduz suas capacidades e a vontade de propiciar um futuro a uma criança, que está à espera, muitas vezes, de um milagre. Sendo, justamente, por não terem tido uma família que lhes ensinasse respeito e limites tão essenciais à vida em sociedade que esses pequenos seres poderão se tornar mais um (a) marginalizado (a) entre tantos que por aí já se encontram.
Seja como for, a adoção é um ato de amor. E quando há amor se supera tudo, inclusive discriminações e preconceitos injustificáveis que só impedem a felicidade e, neste caso, somente trazem consternação em vez de alegria e paz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário