sexta-feira, 7 de maio de 2010

NOTAS SOBRE O CONTORCIONISMO PLURAL DA PINTURA

Por Shannya Lúcia de Lacerda Filgueira

Impressões de cores que impregnam
o ar da vida simplória, transformando- o
em arte que inspira movimento dialético
entre os humanos através dos tempos em que resiste.

A pintura por excelência é o campo das experiências do homem com o figurativo que exprime de forma plástica sua percepção enquanto ser vivo com o ambiente e as transformações que o cerca. Assim sendo, nossa relação com essa arte é quase que essencial, uma vez que necessitamos, de uma forma ou de outra, expor nossa subjetividade emanada da angustiante objetividade com que tratamos nossa realidade, muitas vezes mesquinha e enfadonha. Devido à falta de sonhos com que somos obrigados a nos abster a pintura surge então como uma fuga ou autocrítica momentânea. Em outras palavras, no dia-a-dia nos privamos dos prazeres psíquicos dos sonhos que movimentam nossa realidade em troca de uma objetividade sem rumo, que nos acorrenta desde os primórdios, uma vez que sempre vivemos em sociedade; mudamos apenas de diferentes modelos políticos, mas sempre fomos vítimas do acolhimento social. Entretanto, faz-se fundamental vivermos assim. Pois, é no meio social que adquirimos experiências compartilhadas, que anestesiamos o sofrimento, que colorimos o mundo. Assim a pintura se sobrepõe a todo e qualquer ato de objetivo, sendo toda ela uma ruptura, uma quebra com a cor “monocromática” da realidade.
Isso posto é impossível dizer que a pintura européia suplantou nossas origens, uma vez que foi dessas origens que surgiu a pintura mesclada, melhorada, renovada e plurisignificativamente antropofágica.
A história da nossa pintura começa na pré-história com as pinturas hoje reconhecidas como rupestre, sendo ela nosso primeiro registro em “tela” de argila nas paredes das grutas ou cavernas. Logo em seguida, nossos irmãos indígenas se utilizavam das cores de tintas naturais para se pintarem casualmente ou fazerem dela a marcação de (dos) ritos. Hoje as pinturas marajoaras são muito atrativas e elogiadas por turistas daqui e os de fora.
Com as navegações marítimas nossas terras tupiniquins ao serem “descobertas” e colonizadas receberam uma vasta gama de viajantes, cuja bagagem além ter sido a da ganância, trouxe também cultura e ideologias políticas, sociais e de estética artística. No que diz respeito à validação regional étnica, aportaram em nosso litoral: portugueses, franceses, espanhóis e holandeses cristãos, os judeus – cristãos novos, ingleses protestantes, escravos africanos, entre os de outras etnias que vinham como marujos ou degradados. E isso acarretou nas “mutações” de nossa etnia comportamental e ideológica. Assim no tocante a nossa pintura, ela passou pelos motivos estéticos do renascimento, do barroco, do romantismo, do realismo, do modernismo, do surrealismo, do impressionismo e expressionismo, do abstracionismo, do concretismo, do neo concretismo, da nova figuração, pela arte conceitual de “pintura morta” dos anos 70, pela retomada dos temas feito na década de 80 e a pluricidade temática da atualidade que aborda a deformação das leituras de mundo, ou então pluraliza-se a singularidade artística, dando plasticidade às perceptivas significações.
Assim a nossa construção artística se desenvolve na caminhada feita pela arte da pintura através dos tempos, abordando variadas temáticas que se engendram na motivação devido a nossa linearidade política e social que sempre nos cativou e nos conduziu a rumos que a história expõe em forma de arte, luz, cores e sons.


        Síntese do trabalho apresentado à disciplina Metodologia Aplicada ao Ensino de Artes pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA, durante o Curso de Graduação em Pedagogia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário