sábado, 12 de junho de 2010



    Adaga: desejo e morte

Corpos sobrepostos
imitam a estética da adaga,
que independentemente do feito,
tende a dar cabo do prazer,
paradoxalmente levando
à morte os casais.

A alva fêmea por baixo, adornada,
reluz a brancura pálida da luz da lua.
O macho por cima a beijar o vale
entre as pontiagudas montanhas.
É o cabo da adaga, que se liga
ao afiado gume por meio do falo
e a partir disto, num frêmito
intermitente, o prazer se avoluma.

O inferno de músculos acopla-se
ao céu dos desejos, pensamentos;
juntos perfuram o tempo e ao sangrar
o voluptuoso e vadio destino,
chegam juntos ao gozo.

Céu e inferno tocam o ar,
já é hora de deixarem-se morrer,
despregarem-se no ar.
Matam o desejo, mas matam-se
no próprio ato de se matarem!


Shannya Lacerda,
11/ 06 de 2010.

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