quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Diferenças Sútis













Por que cultuamos tanto as diferenças? Se em nós mesmos nada há de igual tão pouco de coerente! Se a diferença... ela, por si só, é ontológica, social, mundanamente cultural. Ó que pecado chamar de diferente aquilo que brilha, chama atenção, carrega emoção, cria asas e traz à reflexão. Quem cria tais parâmetros? Visto que eu chamo de diferente aquelas roupas ridículas, que insistem em chamá-las de moda. Também quem manda os feios carregarem tanta carga invisível?! Isso é mesmo coisa rizível, uma vez que a relatividade é a mãe das óticas, das saliências, das anêmicas estribeiras; e a diferença: um substantivo banal a carregar uma pistola e um punhal...

E no amor as diferenças marcam o enlevo...do sol com a chuva, do vento com o mar, num ar de ambrosias e sussurros apaixonados a pairar. E assim, completanto o bem casado: o mundo bipartido encontrar-se a fim dos pólos juntar, e cuja felicidade irradiada alastra-se dos vales às campinas, gerando frutos de química pura quando os corpos estão a flertar.

Shannya Lacerda
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Pra você felicidade é
Relva tenra que cresceu no chão
Mas pra mim é fruta que no pé
Se oferece ao olho, à boca, à mão
Pra você toda a tristeza vem
Quando o sol descamba para o mar
Mas pra mim só quando não se tem
Para onde dirigir o olhar
Então nós dois
Sutis diferenças
Vamos combinar
Não pra saber
Quem vence ou não vence
Mas que luz vai dar
Pra você a vida deve ser
Como um rio que corre sem parar
Mas a mim não importa o correr
E sim o refletir, o luar
Pra você o medo vem do céu
Ou do Deus que não se mostrará
Mas pra mim o medo vem de eu
Não saber sequer se algum Deus há
Então nós dois
Sutis diferenças
Vamos combinar
Não há no amor
Quem vença ou não vença
Mas que luz vai dar 


Sútis Diferenças de Caetano Veloso.

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