*Tela de Roger Suraud, artista francês.
De exageros em exageros vamos vivendo cazuzamente freudianos. De ventos em ventos vamos vivendo o ocaso do tempo vazio. De lágrimas em lágrimas vão as flores e os poetas a maudizer as ervas daninhas de nosso tempo. Mas nem tudo são espinhos, pois o sangue no dedo espetado prenuncia um novo começo, uma nova mentalidade, um novo caminho. Quiçá, deixaremos o moderno pelo velhoderno epidermizado nas cutículas de nossa sensibilidade em ver o mundo. Árvores no espaço, todavia, contarão os nossos singelos avanços e fracassos, como o nome dos enamorados gravados na superfície trancosa de seu corpo. A maré, contudo, ainda nos jogará na face o vômito de nossos modos, matando as flores e os belos pensamentos.
Mas, mesmo nos desgostando, anseiaremos em ver o por do sol, o som dos anjos ao acertarmos a vida, a música da celebração artística, as vivicitudes de nosso desespero em fugir da arquitetura de nossa essência, galgando mais passos sempre, em rumo da ilusão de chegada, mas sem querer nunca partir: deixaremos nossa humanidade na desumanidade da pedra, do asfalto, dos arranha-céus, no outro. Música e fogo acabará nosso balé trágico, a nossa linha entronchará pelos nossos defeitos, o gelo calará nossos muros, não viveremos até a música acabar, mas, no entanto, acharemos-na tocando sempre a mesma valsa exagerada da última tragada; até o fim dos tempos, então, nos acharemos dançando até acharmos a perfeição do passo dado no escuro.
por Shannya Lacerda.
Olá, amiga minha!
ResponderExcluirEstou maravilhado em demasia por teu "poementário" belíssmo! Só mesmo uma poetisa da tua estirpe,contemporânea ultramoderna, poderia me laurear assim, quão poeticamente!
Abraços filos!
oi
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