sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Pensar pelos outros, entender por si,



Que eu pense em mil palavras, mil coisas...
Só me lembro da boca seca
do batido oco em meu coração
anunciando um desfecho
[uma morte.
Sal e fel cavalgam, trotam
Olhos incham, labaredam
A luz se amortece
Calou o coração, gritou o desespero
Riscas de giz invadem pensamentos
aprisionando os bons, riscando os ruins
[mas sem nunca os deixar livres...
Mesmo dizendo não vá
O coração vai desfalecendo, virando pó
Morreu o poema, o artista e o nó
                                   [do calo dos dedos.

Até só restar palavras emocionadas – vagas?
E um poema mal entendido – de amor?
De memórias poéticas – ahhhhh....

por Shannya Lacerda
Natal, 24 de fevereiro de 2012.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Lacunar esperança




As telas soltas, mórbidas
caem, lançando-se de encontro
ao chão. Tudo parece vazio, estranho.
Falta talento e um pouco de ambição.
As escadas escorregam-se pelos pensamentos
que teimam em invadir os espaços da solidão.
Tudo parece constante, não há entrega,
mistério, tão pouco comiseração.
O que esperar da angústia eivada pelo castelo
que enclausura também a estrela solidão?
Os movimentos sucumbem à exaustão;
o que parece rio, não é mais que a fileira de nossa emoção.
Todos os percalços grandes: crianças a brincar no quarto de dormir.
Todos os desafios: sonhos dispostos a nos entregar a apática realidade.
Todas as vontades: apenas desejos gerados pela anemia do pensar.
As telas soltas, mórbidas
caem, lançando-se de encontro ao chão.
Tudo parece vazio, estranho.
Falta talento e um pouco de ambição.

Falta vontade até na angústia da solidão.
... Senhor, atendei nossas preces!

por Shannya Lacerda
Natal, 01 de fev. de 2012.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Arco-íris
















De uma letra errada
arrisco, rabisco minha invontade
De uma letra desencontrada
invado, volto, retorno ao que não sei
De uma letra perdida
recolho minha dor, volto ao ponto
[de partida ou não]
De uma vã letra acertada
saio correndo, pressinto o perigo
[me abandono, duvido]
De uma letra, (a partir de uma ínfima letra)
parto ao encontro de tudo
[ou volto ao nada]
pra de lá observar como somos tolos
por esperarmos um tudo
onde nada é perfeito e com tudo nos iludimos.

por Shannya Lacerda
Natal, 13 de fev. de 2012.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Para os tempos de ócio: palavras


*Tela de Lauri Blank


Ah... se de toda a insônia e abstinência houver o mel ou o ranço da poética franzina que carcome os dedos da alma.
Ah... se de toda falta houver a música que invade encharcando o polido e o sisudo homem.
Ah... se de todo ócio houver o lacre que aprisiona e liberta as palavras.
Ah... se de todo recolhimento houver a explosão (o bum!) que nos liberta de nós mesmos...
.....
viveremos tempos melhores
viveremos tempos melhores
viveremos tempos melhores
......
viveremos os tempos em que os homens voltarão a ser os animais que sonham a quimera de apenas deixar-se ser, sendo a palavra: a guia da humanidade ou o calabouço dos aflitos que gritam no mundo dos surdos.
......
Ah... se toda a insônia me aprouver de sentidos.... viverei melhor e em tempos melhores.


por Shannya Lacerda

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Fique ou se vá

Apenas pelo prazer de dizer: Não vá, fique aqui comigo....

















 *Tela da artista Lauri Blank "FallsEmbrace"


Preciso que você não vá
que fique
te preciso
não diga que a flor morreu
Preciso que não vá
que fique
Preciso de nuvens cálidas
de flores cobrindo o jardim
de você perto de mim

Não vá
fique aqui
preciso do riso
da sua voz ao ouvido

Preciso te dizer
não vá embora
fique mais, fique aqui comigo
mas se não puder
bata asas anjo amigo
bata asas
bata asas ou fique aqui comigo
você quem sabe

Preciso que não vá
Preciso que não vá
fique aqui comigo
Não se vá, por favor, não se vá
fique aqui comigo

diga sussurros apaixonados
diga suas lembranças
lembre de nós dois de braços dados
Lembre, lembre e por favor não vá

Te preciso
Te preciso

Não vá
não se vá
mas se não puder ficar
apenas bata asas
apenas bata asas

E se ainda sonhar comigo
lembre-se que eu te preciso
pra acalentar meu riso
colorir meus dias e afugentar o frio

amor, eu te preciso
mas se não puder ficar
apenas bata asas
e não mais ria meu riso
sonhe meu sonho
apenas bata asas e se vá

– mas, amor, por favor,
não vá não vá não vá.....

por Shannya Lacerda
Natal, 05 de fev. de 2012. 

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Desmotivação















As telas soltas, mórbidas
caem, lançando-se
de encontro ao chão.
Tudo parece vazio, estranho;
falta talento e um pouco de ambição.

As escadas
escorregam-se pelos pensamentos
que teimam em invadir os espaços
de solidão. Tudo parece constante,
não há entrega, mistério, tão pouco
absolvição.

O que esperar da angústia eivada
pelo castelo que enclausura também a estrela solidão?
Os movimentos sucumbem
à exaustão. O que parece rio,
não é mais que a fileira de nossa emoção.
Todos os percalços grandes: crianças a brincar no quarto de dormir.
Todos os desafios: sonhos dispostos a nos entregar a apática realidade.
Todas as vontades: apenas desejos gerados pela anemia do pensar.

As telas soltas, mórbidas
caem, lançando-se
de encontro ao chão.
Tudo parece vazio, estranho;
falta talento e um pouco de ambição.
Falta vontade até na angústia da solidão!

...Senhor... atendei nossas preces!

por Shannya Lacerda
Natal, 01 de fev. de 2012.