quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Há horas


Há horas para tudo! Já dizia minha mãe.
E sendo eu mulher:... duplico essa capacidade das horas de inflamar os meus afazeres.
Agora, por enquanto, escrevo, mas não se passaram aqui horas.
E se se essa questão de horas for eufemismo, metáfora, engodo?
E se todo o resto for um jeito simplório de acabar com o ócio?
Mas o que seria o ócio, se não há tempo disponível, com exceção daquele da rede?

Há horas em que queria morrer, mas não seria qualquer morte! Seria aquela igualmente deliciada após uma taça de vinho divina; em que um degustador olha para o outro com aquele olhar de enlevo, de nostalgia pelo fim, e pergunta-se intimamente pelo porvir.

Quero aquela morte em que se morre lentamente após a explosão, para depois reviver de um modo diferente, mais suada, mais amada. Quero aquela morte diária amenizada pelo êxtase de se mirar os olhos amados. Quero morrer após rolar todos os espaços do vidro da champanhe.

Agora, por enquanto, escrevo. Devo morrer após o ponto, mas renascerei na próxima ideia e assim renascerei pelos dias me perguntando se há verdadeiramente horas para tudo, ou se simplesmente morrerei, quando de fato minha matéria morrer?

Há horas para tudo, já dizia minha mãe! Por enquanto quero morrer tal qual deguste do último gole dado, a força, na taça – metáfora da vida que se esvazia, mas que se renova de um modo peculiar, experimentando e sendo experimentada sempre em novas teorias, estratagemas singulares da vida.


por Shannya Lacerda

4 comentários:

  1. sim, há hora pra tudo; mas a vida é bem melhor vivida no tempo e espaço das metáforas, como essa sua, linda linda!

    compartilho com vc, amiga, dessa taça de chamapanhe, vinho ou cachaça! hahaha

    beijão e abração!^^

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  2. diga apenas q compartilhamos as doses, sejam elas grandes, pequenas, médias... no fim só as doses bem bebidas é o que interessa!!!

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  3. AMEIIIIIIIIIIIIIIIIIII o visual do blog novooooo

    tô com invejinha branca amiga

    lindoooooooooooooo

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  4. Alguns instantes valem mais do que muitas horas, como o de ler seu lindo poema que desperta o desejo de acelerar o coração com o movimento instantâneo e até involuntário do corpo.
    Bj

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