Das maiores desilusões que se há no mundo não creio ser ela tão imbatível ou inconsolável quanto aquela em que a pessoa faz autópsia em seu próprio corpo ainda vivo e descobre que existe, que pensa, que não é só algo teleguiado, movido por paixões (in) verdadeiras, por atavios pomposos. Enfim, não é o desmanchar do casamento na porta, nos instantes últimos, não é morrer alguém para se ver o quão ruim andam as coisas. Entretanto o bucolismo proveniente dessas situações é o agente, na maioria das vezes, daquela mão que levamos à cabeça, ou melhor, daquela saída à lugares isolados, ou pouco frequentados, afim de se sentir forte o bastante para enfrentar o pior dos monstros do armário: nós mesmos.
E daí o bucolismo virou o significante do significado triste, virou a coroa dormente da cara, virou motivo pelo qual se há o confundir de triste com consciente. Não se pode negar que realmente o motivo do olhar manso, de jeito cabisbaixo, seja de profundidade emocional, mas é, justamente, nessa profundidade que buscamos algo, algo estranhamente inerente, que chova ou faça sol está lá. Só não se sabe o que é.
Contudo, talvez, essa melancolia, esse morgadio, não seja nada. Talvez apenas o confronto evitado a largas datas. Talvez apenas aquele exame que se adia por medo, por falta de vontade ou apenas por desapego a si mesmo.
Seja como for o ponto das desilusões seu final é sempre quando as enfrentamos. A autópsia, inevitável; o renascer, um aprendizado.
E ela escondeu todos os espelhos da casa, antes que eles a engolissem.
ResponderExcluirFico tonta com teus comentários. Escreves pra lá de bem, além de ser uma deusa!
ResponderExcluirFique com essa canção dos Rolling Stones...
http://www.youtube.com/watch?v=T89wBh4040k&feature=fvsr