Os órgãos masturbam-se
Trocam favores
E no final vence
o menos atolado de credores
Resultado: o dinheiro público
sai esgarçado do bolso de um
e de outro, indo direto aos bolsos
do órgão que gozou.
por Shannya Lacerda
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Orgia no telhado
Orgia no telhado,
estou eu a rasgar a fome do retrato;
estou a despir a garganta;
estou a arfar no epicentro de meu seio.
Orgia no telhado,
lá vou eu me afogando e embebedando
meus pensamentos, saboreando a vontade,
iludindo as sandices da realidade.
Orgia no telhado...
estou eu de mãos e dedos atados à lassidão,
corrompendo meus astros, atacando minha pele,
aflorando em demasia meus gemidos escondidos.
[a tantos dedos]
Orgia no telhado?
Hoje é você e eu...
desnudando e queimando as pedras,
os espaços!
Em toda cama, cadeia de impulsos nervosos e químicos,
em cada telhado pensamentos, que giram em torno de céus amantes,
em cada vontade, corpos suados e retorcidos,
em cada suspiro, a vontade que nunca se saceia
e em cada solidão, a vontade orgíaca da lassidão.
Orgia no telhado, a vontade carcomendo os espaços, ainda sãos, ainda virgens.
estou eu a rasgar a fome do retrato;
estou a despir a garganta;
estou a arfar no epicentro de meu seio.
Orgia no telhado,
lá vou eu me afogando e embebedando
meus pensamentos, saboreando a vontade,
iludindo as sandices da realidade.
Orgia no telhado...
estou eu de mãos e dedos atados à lassidão,
corrompendo meus astros, atacando minha pele,
aflorando em demasia meus gemidos escondidos.
[a tantos dedos]
Orgia no telhado?
Hoje é você e eu...
desnudando e queimando as pedras,
os espaços!
por Shannya Lacerda
*Lauri Blank, artista americana
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Céu
Tem seu cheiro baby, meus sentidos, meus sentidos sejam louvados
Tem seu cheiro baby, meus sentidos, meus sentidos sejam louvados
Beijando e correndo, beijando e fugindo
Beijando e correndo, beijando e fugindo
Sentidos sejam louvados
Sentidos sejam louvados
* Trecho da tradução da música "Heaven" dos Rolling Stones,
em tributo a uma amiga deste blog._______________________________________
Em toda cama, cadeia de impulsos nervosos e químicos,
em cada telhado pensamentos, que giram em torno de céus amantes,
em cada vontade, corpos suados e retorcidos,
em cada suspiro, a vontade que nunca se saceia
e em cada solidão, a vontade orgíaca da lassidão.
Orgia no telhado, a vontade carcomendo os espaços, ainda sãos, ainda virgens.
Shannya Lacerda
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
Das desilusões apenas autópsia
Das maiores desilusões que se há no mundo não creio ser ela tão imbatível ou inconsolável quanto aquela em que a pessoa faz autópsia em seu próprio corpo ainda vivo e descobre que existe, que pensa, que não é só algo teleguiado, movido por paixões (in) verdadeiras, por atavios pomposos. Enfim, não é o desmanchar do casamento na porta, nos instantes últimos, não é morrer alguém para se ver o quão ruim andam as coisas. Entretanto o bucolismo proveniente dessas situações é o agente, na maioria das vezes, daquela mão que levamos à cabeça, ou melhor, daquela saída à lugares isolados, ou pouco frequentados, afim de se sentir forte o bastante para enfrentar o pior dos monstros do armário: nós mesmos.
E daí o bucolismo virou o significante do significado triste, virou a coroa dormente da cara, virou motivo pelo qual se há o confundir de triste com consciente. Não se pode negar que realmente o motivo do olhar manso, de jeito cabisbaixo, seja de profundidade emocional, mas é, justamente, nessa profundidade que buscamos algo, algo estranhamente inerente, que chova ou faça sol está lá. Só não se sabe o que é.
Contudo, talvez, essa melancolia, esse morgadio, não seja nada. Talvez apenas o confronto evitado a largas datas. Talvez apenas aquele exame que se adia por medo, por falta de vontade ou apenas por desapego a si mesmo.
Seja como for o ponto das desilusões seu final é sempre quando as enfrentamos. A autópsia, inevitável; o renascer, um aprendizado.
E daí o bucolismo virou o significante do significado triste, virou a coroa dormente da cara, virou motivo pelo qual se há o confundir de triste com consciente. Não se pode negar que realmente o motivo do olhar manso, de jeito cabisbaixo, seja de profundidade emocional, mas é, justamente, nessa profundidade que buscamos algo, algo estranhamente inerente, que chova ou faça sol está lá. Só não se sabe o que é.
Contudo, talvez, essa melancolia, esse morgadio, não seja nada. Talvez apenas o confronto evitado a largas datas. Talvez apenas aquele exame que se adia por medo, por falta de vontade ou apenas por desapego a si mesmo.
Seja como for o ponto das desilusões seu final é sempre quando as enfrentamos. A autópsia, inevitável; o renascer, um aprendizado.
domingo, 6 de fevereiro de 2011
Esvazie-se para encher
Das folhas que se desgrudam do meu pensamento
há uma tisna que desbota de meus momentos,
como se o aroma impregnado nodoasse o fingimento
e o calor agora transcrito perder-se-ia o sentido
no curto espaço tempo da leitura e do suposto esvaziamento.
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Sob as formas
As formas sonham
toque suave
As estrelas vibram
ao beijo molhado
As melodias chispam
ao prazer harmônico
As delicadezas reinam
no amor delirante que fora gozoso
E as notas de meu piano exaurem-se
quando o olhar já brando encontra o ninho,
regressando da jornada bravia só o que deseja
é repousar no rochedo sob as frestas do luar,
ouvindo acodes e banhando-se
nas pétalas e hálito de tua pele.
por Shannya Lacerda
06/02 de 2011
sábado, 5 de fevereiro de 2011
Dois em um, eu
Dois rios
Um sentido
Dois lados
Da mesma moeda
Duas janelas
Na mesma casa
Duas pessoas
Uma travessa
Um diálogo
Duas vidas
Um encontro, destino
Dois sonhos
Uma quimera
Dois estados
E a vontade certa conduzem-me a um eu
O lado que leva e o conduzido
O lado que chora e o que se alegra
Dois em estado de um é um apenas.
Um em estado de dois é equilíbrio, discrepância, duelo e, por fim, concordância.
Dois no meu eu
É rios desaguando, guardando-se em mim.
por Shannya Lacerda
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
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