sábado, 31 de julho de 2010

Herança



Nossa quanta recordação nos vela
sob o jugo dessa imagem,
dessa frase, dessa vontade,
de voltar ao passado,
o passado glorioso
das fabulosas estórias
contadas debaixo do céu estrelado
ou ao lado das quentes brasas
do fogão a lenha, com panelas
suadas de barro, preparando
o sustento dos bravos soldados
da caatinga, da vida...
ah, que saudades, saudades
de um tempo limpo no interior
das matas, no interior do peito...


sou filha do sol ardente,
da noite dolente, cujas
espinhas ainda inchadas e d’alma lavrada
sequestram a vontade,
a vontade que se dissolve
a cada dia de retumba.
Porém minha esperança
cresce junto ao talo do milho,
junto ao verdejar do roçado.


Sou filha do universo penetrante
da caatinga, mas também sou
neta das estórias do povo de minha tia;
sou bisneta da poética e da vida
que se sonha e é vida.
Minha herança é assim resguardada
para além dos muros do sofrimento,
para além das batalhas e rotinas de um dia;
minha herança é forjada sobre o peso,
o peso de toda uma vida, que moldou
a ética complacente dos amores de minha vida.

Shannya Lacerda 
Natal, 31/ 07 de 2010.

PARA QUE SERVE A MULHER?

– Mariano Melgar / Peruano – (EU Discordo desse Gringo!)



Não nasceu a mulher para querida,
por esquiva, por falsa, por mudável;
e como é bela, fraca, miserável,
não nasceu para ser aborrecida.

Não nasceu p'ra que seja submetida,
visto ser de caráter indomável;
como a prudência é nela inevitável,
não nasceu para ser obedecida.

Como é fraca, não pode ser solteira;
como é infiel, não pode ser casada;
mudável, não é fácil que bem queira.

Não sendo para amar, nem ser amada,
nem p'ra vassala, nem para primeira,
não serve, finalmente, para nada.

por Mariano Melgar

sábado, 24 de julho de 2010

Elogio à poética Kandinskiana

Ao pintor Wassily Kandisnky


Como a Academia prendê-lo-ia
se tal forma nele não intuía
o sopro de vida nas inusitações
e sensações do tempo na surreal
e abstrata vida?

Casado... – seria ele normal?
Mas o que é ser normal no inusitado
mundo desleal? Guerras, idas e vindas,
lições a desvirtuados da paixão, Revolução,
morte, falta de humana compaixão

são quadros incompatíveis ao compatível
sabor da introspecção; beleza, fervor, cor
– fascínios de seu amor psicológico,

cujo mérito é abstrair o horrível,
expressar o indizível e ultrapassar
as barreiras do compreensível.

Cavaleiro Azul é seu codinome, sua arte, religião.
Promoção da sinestesia calorosa da emoção:
seu fardo, sua glória, sua devoção.

Sua arte, sua vida: dois cômodos de interior ligação.
Para além da vida e morte suas obras
canalizam o destino individual de social colaboração.


Shnnya Lacerda
24 de julho de 2010.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

O Arrefecer do Gigante




A estrela dourada
com seus dedos áureos rosáceos
toca os corpos de poeira
num diáfano luminoso
e ainda manhoso
de raiar.
O orvalho despe-se
de seu inebriante ar,
dando vazão ao despertar
que espreguiça-se
nas encostas em que toca;
e de um jeito supersticioso
deixa-se aquentar,
tornando-se bravio e abrasador.
Eleva-se, então, o gigante aos céus.
O arrefecido Titã torna-se
o Apolo das manhãs,
um Zeus.
No entanto, após emanar
bênçãos no cocuruto ao toque
deixa-se arrebatar
pela mimosa e bela cortesã
de várias faces,
que surge encantadora
com olhos instigadores e faceiros
com talhe envolto em névoas
que a deixam com um ar
de fantasia, mistério e sedução.
Assim, o gigante tomba
por desfalecer à simples visão
de sua Musa, a sempre apaixonante,
de lascivo clarão, a Lua.



Shannya Lacerda
25/07/2009

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Aos Loris vistos no Sri Lanka



Extinção não indica que acabou.
Indica que homens sem coração
dizimaram uma espécie
que de alguma forma servia
a desenfreada consumição.
Indica que houve caça, risos,
morte, sangue, peles e chifres
de marfim arrancados, ou a
sublevação de qualquer
rito podre de tradição.
Curioso como eles, os homens,
nunca se extinguem, embora
que no passado, homem assado
fora cardápio do dia; que tremenda
ousadia acabar com a antropofagia.
Todavia e ademais só mudamos
tal alimentação de nome e nada mais.
Fofo ver o capital engolir o homem animal.
Fofo ver a espécie verde comer a espécie pensante.
Mas mais fofo que isso:
é ver a Natureza no fim vencer, viver.

Shannya Lacerda
19/ 07 de 2010.

As nuvens ao amanhecer



Os homens sonhavam países inatingíveis.
As mulheres sonhavam pássaros inalcançáveis
em voo, em gozo, em choro.
As crianças sonhavam-se vivas a correr,
vivas na vida de viver, vivas, vivas, vivas
a cada dia e amanhecer.
Os tiros sonhavam-se quietos,
mudos, inatingíveis.
O líquido, já rijo, sonhava-se adormecido,
vivo, mas dormente e esquecido;
latente a pulsar, vivendo
a vida de líquido a ladrar.
As nuvens sonhavam-se quentes,
mas na noite após, o incidente,
do sonho acordaram-se
frias, úmidas, sombrias.

Shannya Lacerda
Natal, 09/ 07 de 2010.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Ao meu amor com amor... porque o amor é assim: igual para todos, mas diferente para mim




Parece algo assim,
somos diferentes assim,
mas algo nos uni,
uni de diferentes formas,
causando até às vezes diferentes
sentimentos. Porém o que dá
mais contentamento é esperar-te
mesmo que seja para um
simplório "boa noite amor",
ou quem sabe ainda acordar ao
teu lado e dizer "bom dia amor,
dormiu bem?". Sei que às vezes
parece rotina, mas é nessa
rodada contínua que vemos
o amor florescer,
a cada dia, o dia todo,
é um fato ver tudo como
saída à conversa, contudo
sabemos bem lá no fundo
que se temos amor,
qualquer conversa é festa
na aquarela das repetidas manhãs...

Não sei se me fiz entender, mas só quero lhe dizer que embora tenhamos lá as nossas diferenças, sinto-me feliz por te conhecer e estar com você por mais um ano de sua vida. Parabéns amor!
Te amo....

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Marvada
Leve daqui meus males;
a verdura de meus sonhos
acabou em morte! Leve, leve
daqui tudo o que lembrar.


Fadigas, cheiros, sonhos, roupas,
músicas, paisagens, roupas,
cheiros, brigas, recordações...
enfim, leve tudo consigo.


Pois não conseguirei levar comigo
junto às flores de meu caixão.
Vá.
Vá logo,
ou vá-se daqui também comigo!


Leve as agonias, passamentos, roupas;
para onde vou?, não as preciso. Ou preciso?
Se precisar leve-me junto.
Leve junto às roupas que trago
condensadas na pele e as que já nem sinto.

Shannya Lacerda
Natal, 13/ 07 de 2010.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Fale bem ou mal, o Brasil têm de quê falar!!!


Se vocês acham que a nossa pátria multicor é um fantasma na cola nos ricos países, veja só O QUE UMA ESCRITORA HOLANDESA FALOU DO BRASIL

LEIA COM BASTANTE ATENÇÃO

Os brasileiros acham que o mundo todo presta, menos o Brasil, realmente parece que é um vício falar mal do Brasil. Todo lugar tem seus pontos positivos e negativos, mas no exterior eles maximizam os positivos, enquanto no Brasil se maximizam os negativos. Aqui na Holanda, os resultados das eleições demoram horrores porque não há nada automatizado.
Só existe uma companhia telefônica e pasmem!: Se você ligar reclamando do serviço, corre o risco de ter seu telefone temporariamente desconectado.

Nos Estados Unidos e na Europa, ninguém tem o hábito de enrolar o
sanduíche em um guardanapo - ou de lavar as mãos antes de comer. Nas padarias, feiras e açougues europeus, os atendentes recebem o dinheiro e com mesma mão suja entregam o pão ou a carne.

Em Londres, existe um lugar famosíssimo que vende batatas fritas
enroladas em folhas de jornal - e tem fila na porta.

Na Europa, não-fumante é minoria. Se pedir mesa de não-fumante, o garçom ri na sua cara, porque não existe. Fumam até em elevador.

Em Paris, os garçons são conhecidos por seu mau humor e grosseria e
qualquer garçom de botequim no Brasil podia ir pra lá dar aulas de 'Como conquistar o Cliente'.

Você sabe como as grandes potências fazem para destruir um povo? Impõem suas crenças e cultura. Se você parar para observar, em todo filme dos EUA a bandeira nacional aparece, e geralmente na hora em que estamos emotivos.

Vocês têm uma língua que, apesar de não se parecer quase nada com a língua portuguesa, é chamada de língua portuguesa, enquanto que as empresas de software a chamam de português brasileiro, porque não conseguem se comunicar com os seus usuários brasileiros através da língua Portuguesa.

Os brasileiros são vitimas de vários crimes contra a pátria, crenças, cultura, língua, etc... Os brasileiros mais esclarecidos sabem que temos muitas razões para resgatar suas raízes culturais..

Os dados são da Antropos Consulting:

1. O Brasil é o país que tem tido maior sucesso no combate à AIDS e de outras doenças sexualmente transmissíveis, e vem sendo exemplo mundial.

2.. O Brasil é o único país do hemisfério sul que está participando do Projeto Genoma.

3. Numa pesquisa envolvendo 50 cidades de diversos países, a cidade do Rio de Janeiro foi considerada a mais solidária..

4. Nas eleições de 2000, o sistema do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) estava informatizado em todas as regiões do Brasil, com resultados em menos de 24 horas depois do início das apurações. O modelo chamou a atenção de uma das maiores potências mundiais: os Estados Unidos, onde a apuração dos votos teve que ser refeita várias vezes, atrasando o resultado e colocando em xeque a credibilidade do processo.

5.. Mesmo sendo um país em desenvolvimento, os internautas brasileiros representam uma fatia de 40% do mercado na América Latina.

6. No Brasil, há 14 fábricas de veículos instaladas e outras 4 se instalando, enquanto alguns países vizinhos não possuem nenhuma.

7. Das crianças e adolescentes entre 7 a 14 anos, 97,3% estão estudando.

8. O mercado de telefones celulares do Brasil é o segundo do mundo, com 650 mil novas habilitações a cada mês.

Na telefonia fixa, o país ocupa a quinta posição em número de linhas instaladas.

10. Das empresas brasileiras, 6.890 possuem certificado de qualidade ISO-9000, maior número entre os países em desenvolvimento. No México, são apenas 300 empresas e 265 na Argentina.

11. O Brasil é o segundo maior mercado de jatos e helicópteros executivos.

Por que vocês têm esse vício de só falar mal do Brasil?

1. Por que não se orgulham em dizer que o mercado editorial de livros é maior do que o da Itália, com mais de 50 mil títulos novos a cada ano?

2. Que têm o mais moderno sistema bancário do planeta?

3. Que suas agências de publicidade ganham os melhores e maiores prêmios mundiais?

4. Por que não falam que são o país mais empreendedor do mundo e que mais de 70% dos brasileiros, pobres e ricos, dedicam considerável parte de seu tempo em trabalhos voluntários?

5. Por que não dizem que são hoje a terceira maior democracia do mundo?

6. Que apesar de todas as mazelas, o Congresso está punindo seus próprios membros, o que raramente ocorre em outros países ditos civilizados?

7. Por que não se lembram que o povo brasileiro é um povo hospitaleiro, que se esforça para falar a língua dos turistas, gesticula e não mede esforços para atendê-los bem?

Por que não se orgulham de ser um povo que faz piada da própria desgraça e que enfrenta os desgostos sambando.

É! O Brasil é um país abençoado de fato.
Bendito este povo, que possui a magia de unir todas as raças, de todos os credos.

Bendito este povo, que sabe entender todos os sotaques.
Bendito este povo, que oferece todos os tipos de climas para contentar toda gente..
Bendita seja, querida pátria chamada
Brasil!!

Divulgue esta mensagem para o máximo de pessoas que você puder. Com essa atitude, talvez não consigamos mudar o modo de pensar de cada brasileiro, mas ao ler estas palavras irá, pelo menos, por alguns momentos, refletir e se orgulhar de ser BRASILEIRO!!

domingo, 11 de julho de 2010

O desvendar de um pensamento sociológico a partir do filme


 
          O legendário filme A Guerra do fogo de Jean-Jaques Annaud, produzido em 1981, traz aspectos de cunho social, perfeitamente aplicados em diversas áreas de nossa história atual. É intrigante ver como as recriações dos espaços do homem primitivo encarapuçam os moldes do século XXI, que com todos os avanços tecnológicos que têm em nada se difere da história decalcada dos nossos ancestrais, quando a questão era fazer emanar de si a luta pela sobrevivência, guerreando pelo objeto de poder, o fogo.
         No filme, a tribo, nômade, dos protagonistas sai após um ataque à área em que se encontravam para uma região alagada de fácil emboscada e ao relento. E isso acaba por trazer à tona o raciocínio de ir em busca do elemento que traria mais facilidades à vida sofrida deles, o fogo.
         E é essa busca que os leva a lugares nunca antes ido, a chocar-se com outras culturas capazes de fazê-los refletir sobre hábitos – como o mais simples deles, o riso (até então desconhecido no vocabular comportamental de sua pequena sociedade) –, além de situações da vida que até então não faziam parte de suas realidades – como a domesticação de animais para usufruí-los coletivamente.
         Todavia, numa dessas andanças eles deparam-se com o processo antropofágico de alimentação (alimentação feita de carne humana) e isso lhes resulta na primeira percepção de pensamentos éticos ou virtudes para com seus semelhantes. Sendo curioso o nojo que lhes assaltam quando se apercebem de tal costume.
         Talvez seja até hediondo o tocar nesse assunto, mas muitas culturas até hoje ainda mantém tal alimentação. Logicamente, o ideal alimentício mudou; agora se trata muito mais de manter os ritos ancestrais do que propriamente regozijar-se de tal iguaria.
         Ademais são nessas trocas sociais que aprendem, eles, valiosas sabedorias culturais importantes para a perpetuação da espécie em meio ao ambiente hostil em que esperam prosperar. 

         Apesar do balance romântico que o filme remonta ao fundo, o que podemos notar é uma atemporalidade singular, cujo objetivo está em demonstrar o ciclo em que nós humanos vivemos. Seja em busca do (a) parceiro (a), do fogo, de território, de riquezas, e etc. seja pelo que for o ser humano tem a indescritível e apetecida missão de sempre buscar. Buscar o além, o “impossível”. A exemplo disso, os Estados Unidos da América é a nação que mais busca o “alheio”, depois dos impérios antigos da Grécia e Roma. 
          Pela nossa experiência com as letras e decalcando ainda mais a história e construção imagética do filme visto, o que podemos aferir? Um conselho à busca, à entrega, à pesquisa, à tentativa, ao erro, cujo foco é a reconstrução e, por conseguinte o acerto. O mundo está aí aberto às nossas indagações, sonhos, medos, frustrações. Mas para descobrir temos que ser os primitivos homens em busca das respostas de nossa vida, de nossa existência. E travarmos verdadeiras guerras, batalhas, em busca do que queremos e não apenas do fogo como previu o filme de Jean-Jaques Annaud. 

SHANNYA LACERDA
Natal, 11 de julho de 2010.

domingo, 4 de julho de 2010

À amiga Fiama: um gracejo












Fantasia pela arte de descrever a
Ilusão do simples,
A metáfora da poética;
Majestosa em sua didática simples de
Amante literária, cujo teor passaria eu

Horas a cantar,
Admirar. Pois não entoaria
Simples metáforas complexas
Se não soubesse e admirasse a
Estética de sua poética.

Pois se o dia amanhece, o poeta reconhece, escreve...

Bélicas notas de amar,
Ruminantes pensamentos, inquietas
Anedotas fantásticas
Nascidas do âmago de alguém
Decidido a não calar-se diante das
Ágeis línguas, das
Odiosas sementes sem fruto.

pois se o dia amanhece, o poeta reconhece, escreve...


Shannya Lacerda

Natal, 29/ 06 de 2010.
Fotografia


Minha absorta alma,
congelada na quimera
de um tempo e mais nada.

Preservastes o momento.
Agora escolha uma serventia
alada, cujo sabor voe; cantes
aos mares até que a chuva caia.

Espere a noite chegar, não saia.
Olhe as imagens, pinte-as na memória,
cerre-as no escuro fundo da caixa.

Sonhe-as se quiser.
Dar te lindas lembranças,
é o que posso fazer, de resto mais nada.

Serei sempre a parte esquecida
de um papel sem serventia
deixada junto a outros, ao passado,

à história do nada; sem futuro heroico.
Sou uma simples foto e mais nada.


Shannya Lacerda

Natal, 28/ 06 de 2010.